terça-feira, 25 de agosto de 2015

Retratos de insônia

O que é amor? Onde termina a paixão e começa o amor? Em que ponto da estrada os gestos, os sorrisos, as viradas de olhos deixam de ser algo exclusivo de outra pessoa e passam a ser seus também? Que corda é tocada para que outras mulheres sejam apenas... Mulheres... Quando a pessoa amada transcende a definição por gênero e não mais é uma mulher, mas sim, a mulher? Em que momento a garganta começa a secar e os olhos a marejar ao mero vislumbre da pessoa amada, ao simplesmente ler o nome dela no celular, ao acordar e perceber que (mais uma noite) sonhou com ela?

Insônia me ataca neste dia (como em todos os outros) e numa agradável conversa (mentira, um monólogo), ponho-me a pensar sobre o amor, sobre dor e sobre a mistura destes dois elementos (principalmente a essa mistura). O primeiro ponto ao qual me apeguei é o número de vezes ao qual a pessoa amada é lembrada ao longo do dia (na distância, como é meu caso), e reparo que só penso nela uma vez ao dia, normalmente ao acordar que, por sua vez, estende-se até a hora de deitar-me novamente. Parece exagero e eu sei e seria engraçado se não fosse triste mas, não venho aqui perder meu tempo de madrugada para exageros ou futilidades, venho retirar um peso da minha cabeça, quando algo aparece na sua cabeça, a unica coisa que você pode fazer é materializa-la ou se manter inquieto até falar disso com alguém, bem, ao escrever tais confissões parar vocês eu, indiretamente, materializo tudo o que sinto, uma ótima terapia, tentem. Voltando ao número de vezes que me vem a mente tal pessoa, gostaria de deixar claro que, todas as noites, de alguma forma, ela aparece em meus sonhos, seja de uma forma boa, seja de uma forma ruim, normalmente a segunda opção, já que atualmente, esse queridíssimo sentimento vem acompanhado de uma forte dor para a qual só um remédio há.  Quando isso começou? Não sei. Tenho um palpite? Claro.

O que é exatamente o que sinto? Sempre quis falar sobre isso e é sempre muito difícil explicar: o vazio por dentro, a falta de um propósito, a descoloração da vida, o prazer em assistir a própria degradação, a vergonha de encarar o reflexo do espelho nos olhos, a necessidade irrefreável de mentir a todos que se preocupariam contigo e inclusive a você mesmo. Por que eu me abro assim de uma vez a todos vocês que talvez leiam este blog (talvez ninguém, talvez um ou dois)? Porque eu nunca pude fazê-lo. Não dessa forma. Não sinceramente como faço hoje. Expondo toda a fraqueza que sinto. Não aguentando mais engolir essa dor que há muito vem me enchendo o estômago.

Se por acaso a única pessoa a quem dirijo esses pensamentos estiver lendo isto, gostaria que você não achasse que estou culpando-a por qualquer coisa, nunca culpei-a por ama-la, na verdade, agradeço-a por isso, muitas vezes durante o dia eu sinto uma felicidade única e que provém de tudo o que vivemos, perdoe-me se meu forte não é demonstrar o que há dentro de meu coração, mas apenas senti-lo.

Durante esses (quase) três meses, não fiz esforço algum para pensar em você, não acredito que precise esforçar-se para lembrar do ser amado, nunca tive um momento pra que você me surgisse na memória, você simplesmente aparecia novamente e novamente e novamente e novamente, não poucas, mas muitas e muitas e muitas vezes. As vezes tenho vontade de saber até quando vou precisar sentir esse vazio, esse vácuo, essa ausência de amor. Poucas coisas machucam mais do que não existir para quem se ama ou ao menos sentir que não existe. Pouco machuca mais do que ter seu mais puro sentimento julgado como carência.

Odeio-te tanto quanto te amo. Sinto que cada vez mais eu estou chegando no meu limite e, apesar de tudo, temo-o. O coração acelera, os olhos marejam, o vazio cresce e as mãos tremem mas não há remetente para esta carta.